Ao
falarmos da Congregação, falamos também da vida do Fundador, por estar
estritamente ligada uma a outra. Não existe a Congregação sem o fundador e
vice-versa. Então vamos abordar em conjunto a vida de São Paulo da Cruz e a sua
obra de amor motivada pelo Espírito Santo que é a Congregação da Paixão de
Jesus Cristo – Passionistas.
Francisco
Danei Massari nasceu em Ovada, Itália,
aos 3 de Janeiro de 1694, final do séc. XVII, tendo-se mudado, mais tarde, para
Castellazzo-Bormida, não muito longe da sua terra natal. No dia da profissão
religiosa, conforme o costume do tempo, trocou o nome de batismo pelo de Paulo
da Cruz.
O
ambiente familiar de Paulo era sereno, mas também austero, fosse pelas frequentes
visitas da morte, fosse pelo tipo de educação. Através de palavras e exemplos,
os pais estimulavam os filhos a uma profunda fé em Deus, a um grande amor a
Jesus Crucificado, o ideal dos santos, a retidão de vida e a solidariedade para
com os pobres.
Sua
mãe ensinou-o a ver na Paixão de Jesus Cristo a força para superar todas as
provas e dificuldades. Assim, enamorado de Jesus Crucificado desde criança,
quis entregar-Lhe toda a sua vida. Ouvindo a pregação de um sacerdote, o Senhor
iluminou-o relativamente ao amor de Cristo Crucificado: foi o momento que ele
próprio chamou de "conversão".
Ovada - Cidade Natal de São Paulo da Cruz |
No
verão de 1720, após receber a comunhão na Igreja dos Capuchinhos, retornando
para casa, tem uma forte sensação de estar vestido de preto, com o nome de
Jesus e a cruz branca no peito. Segundo um testemunho, uma aparição da Virgem
Maria permitiu-lhe conhecer o hábito, o emblema e o estilo de vida do futuro
Instituto, que teria sempre Jesus Cristo Crucificado como centro.
Neste
período, Paulo já tem em mente que deveria viver na solidão e pobreza, reunir
companheiros e fundar uma Congregação. Seus membros deveriam usar uma túnica
preta para recordar a Paixão e Morte de Jesus. A partir desse ano, empreendeu o
difícil caminho da fundação.
Aparição da Virgem Maria à São Paulo da Cruz |
Viveu
a princípio como ermitão em Castellazzo e a pedido de Mons. Gattinara, Bispo de
Alexandria, aos domingos, dava catecismo para as crianças. O mesmo bispo,
revestiu-o com o hábito da Paixão, aos 22 de novembro de 1720. Passou 40 dias
na sacristia da Igreja de S. Carlos, em Castellazzo, a exemplo de Jesus que
permaneceu 40 dias no deserto em jejum e oração.
As
suas experiências e o seu estado de espírito, durante aquela “quarentena”,
conservaram-se até hoje com o nome de “Diário Espiritual”. Além disso, elaborou
as Regras, destinadas a possíveis companheiros, aos quais chamou de "Os
Pobres de Jesus", depois de “Congregação dos Clérigos descalços da
Santíssima Cruz e Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Em seguida, ao novo
Instituto, Paulo deu o nome de "Congregação da Paixão de Jesus
Cristo", porque ele entende o serviço da Congregação como sendo o
testemunho de uma vida virtuosa, na “conformação com Jesus Crucificado, de modo
que o povo, pelo simples fato de ver um filho da Congregação, seria levado a
converter-se ou a perseverar no bem.
São Paulo da Cruz escrevendo seu Diário Espiritual e as Regras e Constituições da Congregação Passionista |
Concluída
a experiência, o Bispo autorizou-o a viver na ermida de Santo Estevão, em
Castellazzo, e a realizar apostolado como leigo. No Verão de 1721, viajou até
Roma, no intuito de obter uma audiência Papal para explicar as luzes recebidas
sobre uma futura Congregação. Os oficiais do Quirinale, onde residia o Papa,
não o deixaram entrar, pois pareceu-lhes tratar-se de mais um aventureiro.
Paulo
aceitou a humilhação que o configurava a Jesus Crucificado e, na basílica de Santa
Maria Maior, perante a Virgem, fez voto de se consagrar a promover a memória da
Paixão de Jesus Cristo. De regresso à sua terra, deteve-se um pouco em
Orbetello, na ermida da Anunciação do Monte Argentário. Ao chegar a
Castellazzo, encontrou-se com o seu irmão João Batista e, juntos, resolveram
levar uma vida eremítica no Monte Argentário.
Porem
os esforços de fundar uma comunidade fracassavam sempre. Para serem pregadores
da Paixão era necessário tornarem-se sacerdotes. Por isso, resolveram viajar
para Roma. Enquanto estudavam a Teologia, foram prestando o seu serviço num
hospital, atendendo os doentes infectados pela peste.
O
Papa Bento XIII, junto à Igreja chamada La Navicella, deu-lhes (Paulo e João
Batista) uma autorização oral de poderem fundar no Monte Argentário. Uma vez
ordenados sacerdotes, em 1727, os dois irmãos abandonaram Roma e dirigiram-se
para o Monte Argentário. Iniciaram o seu apostolado entre pescadores,
lenhadores, pastores, etc. Rapidamente foram-se juntando companheiros, entre eles
o seu irmão Antônio e sacerdotes bem preparados (entre estes Vicente Maria
Strambi).
O
primeiro convento, dedicado à Apresentação de Maria Santíssima, foi inaugurado
em 1737. Paulo apresentou as Regras para o novo Instituto, em Roma. Depois de
algumas alterações, elas viriam a ser aprovadas por Bento XIV em 1741. Embora
tenha sido sempre Superior Geral, desde 1747, Paulo não deixou de pregar nem de
escrever cartas como diretor espiritual.
Na
pregação privilegiou os pobres e os lugares carentes. Por isso, a pobreza e a
penitência ocupam lugar de destaque na Congregação. Para toda a Congregação
defendeu sempre, com grande determinação o espírito de solidão, pobreza e
oração.
São Paulo da Cruz realizando as suas pregações |
Preferiu
a solidão para preparar-se melhor para o ministério, com um tomar distância
crítico da realidade, para depois anunciar mais adequadamente a mensagem da
Cruz de Cristo. Na solidão privilegiou a oração de relacionamento, isto é, um
estar unido a Deus e aos demais no Amor. A forma mais adequada para fazer
memória da Paixão é a meditação ou contemplação.
Antes de morrer, deixou como recomendação:
"Recomendo a todos, particularmente aos Superiores, que façam florescer
sempre mais na Congregação o espírito de oração, o espírito de solidão e o
espírito de pobreza. Ficai certos que, enquanto se mantiverem estas três
coisas, a Congregação ‘resplandecerá como sol diante de Deus e dos
homens’" (Testamento Espiritual).
Em 1773, o papa Clemente XIV concedeu a Paulo
da Cruz a Casa e a Basílica dos Santos João e Paulo, colocadas em uma das sete
colinas de Roma. Nesta casa, a dois passos do Colosseo, viveu o Santo os
últimos anos da sua vida; ali recebeu as visitas de Clemente XIV, em 1774, e de
Pio VI em 1775, e ali faleceu, uns meses mais tarde. As suas relíquias
conservam-se em capela própria, inaugurada na basílica em 1880.
Corpo de São Paulo da Cruz |